sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Eu estava ouvindo Ana Carolina e comecei a meditar naquela letra, tentando talvez entender qual o impulso desta criação e acabei por me sentir confusa no que isto representou para ela.

Mania! (se posso chamar assim).
Gosto de viver as canções.
A melodia me atrai, mas eu preciso trazê-la para mim...
Hoje, andei pensando que na correria de nossas vidas, deixamos passar os dias, meses, anos, sem prestar muita atenção naquilo que acontece a nossa volta e assim, bem comodamente, acabamos permitindo que o tempo corra solto, para mais tarde quem sabe agir, apagar de nossa história - se é, que é possível - aquilo que não foi tão agradável, o que não foi compreendido.

Sim, concordo que não podemos ter o controle total, pois não somos, ou particularmente, não me sinto diretora deste palco chamado vida, mas até onde devemos deixar o relógio correr?
"O tempo faz tudo valer a pena" sim, mas o tempo tem fim.
Então se sabemos que "sempre chega a hora de arrumar o armário", e a hora que "o camelo tem sede", porque deixar passar tudo tão solto?
"O avesso dos ponteiros"!
Talvez tenhamos que prestar mais atenção neles...
O erro não é desperdício, mas eu não quero desperdiçar meu tempo errando e acredito que pra dar certo, devemos ser um pouco mais donos de nossos destinos.
O que está fora do lugar? O que está perdido, pode ser resgatado? Ficar só ou agrupar-se?
Que peças estão desarrumadas no seu armário?
Você já pensou nisto hoje?
Não pense que nada tem fim.
Quando perceber, o tempo passou!


O avesso dos ponteiros
(Ana Carolina)
Sempre chega a hora da solidão
Sempre chega a hora de arrumar o armário
Sempre chega a hora do poeta a plêiade
Sempre chega a hora em que o camelo tem sede

O tempo passa e engraxa a gastura do sapato
Na pressa a gente não nota que a lua muda de formato
Pessoas passam por mim pra pegar o metrô
Confundindo a vida ser uma longa-metragem
O diretor segue seu destino de cortar as cenas
E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos
E já não vai mais ao cinema

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você

Penso quando você partiu assim sem solhar pra trás
Como um navio que vai ao longe e já nem se lembra do cais
Os carros na minha frente vão indo e eu nunca sei pra onde
Será que é lá que você se esconde

A idade aponta na falha dos cabelos
Outro mês na folha do calendário
As senhoras vão trocando o vestuário
As meninas viram a página do diário
O tempo faz tudo valer a pena
E nem o erro é desperdício
Tudo cresce e o início
Deixa de ser início
E vai chegando ao meio
Aí, começo a pensar que nada tem fim...

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