domingo, outubro 08, 2006

Nos últimos dias fui surpreendida por uma seqüência de momentos tristes.
No céu, a queda do avião da Gol e alí, além de tantos outros nobres desconhecidos, a morte de 03 colegas de trabalho.
Em terra dita firme, a morte da D. Maria, a senhora de sorriso doce e palavras alegres, mesmo quando a dor lhe acompanhava.

Tempos atrás recebi um texto supostamente escrito por Pedro Bial, não sei confirmar, mas ali era dito o quanto “morrer é ridículo”.
Hoje trago a mensagem guardada e convido-lhes a refletir um pouco sobre ela.
E se com a dor da morte não podemos, precisamos pelo menos, extrair dela, lições que nos sirvam ainda em vida.
Nós seres humanos, com nossa vida sempre “certinha”, cheia de regras e planos, ainda somos deixados perplexos com a morte...
Morrer é ridículo, porém não menos ridículo é desperdiçar a vida com coisas pequenas, é não viver tudo hoje esperando que o amanhã nos receba, é poupar carinho e perdão...
Precisamos reavaliar nossos planos. E quando a morte vier:
Que os compromissos para a semana que vem, sejam somente aqueles chatos que vínhamos postergando dia após dia.
Que os e-mails ainda não lidos, sejam apenas os de propaganda.
Que os livros lidos pela metade, já tenham acrescentado sabedoria ao nosso espírito.
Telefonemas, carinhos, palavras de conforto... Que todos já tenham sido direcionados.
Que todos os esforços já tenham sido consumidos, e que a persistência já tenha nos levado a algum lugar. Que não tenhamos saído sem nos despedir.
No mais, serão as “camisas penduradas nos cabides, a toalha úmida no varal”, e algumas contas para pagar.

Que nosso dia-a-dia não seja apenas de desabafos, mas que sejam pistas de um caminho feliz para os que vierem depois de nós.

Vamos viver intensamente!!!
Desabafo (Pedro Bial)
Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos.
Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada.
Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e a perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam.
A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.
Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim?
E os e-mails que você ainda não abriu o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta ideia: morrer.
A troco?
Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente...
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis.
Qual é? Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Isso é para ser levado a sério?
Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo.
Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas.
Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
Por isso viva tudo que há para viver. Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida...Perdoe...Sempre!!!

Um comentário:

Cinthia Cerqueira disse...

Binhaaaaaa
tah na hora atualizar esse blog, neh? rsrsrs
bjos